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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

JUDAS - O SUICÍDIO QUE NUNCA EXISTIU A FARSA DESMASCARADA.

JUDAS O SUICIDA DESMASCARADO

São várias as explicações etimológicas que, ao longo dos tempos, foram surgindo para o nome "Eucariotes". A mais provável é uma conotação política, ligando-o ao grupo dos sicários, uma ramificação do grupo dos zelotes que perpetrava violentos ataques – geralmente com punhais, e daí o seu nome latino de sicarii – contra as forças romanas na Palestina. Por isso, se argumenta que Judas Iscariotes, alegadamente, teria sido um membro deste grupo e que o seu nome seria a transliteração de homem do punhal, em hebraico ish sicari. Outros derivam o seu nome do aramaico saqar, palavra que significava alguém "mentiroso", que é "falso".

Outra possibilidade é que Iscariotes fosse usado como apelido, em hebraico ish Qeryoth, que significa homem de Queriote. (João 6:71; 13:26) Também, podia ser designado filho/descendente/natural de Queriote. Queriote – de acordo com a interpretação inicialmente veiculada por São Jerônimo – seria o nome simplificado da aldeia, ou mais provavelmente um conjunto de aldeias, de Queriote-Ezron (Josué 15:21) – nome que significa "cidades de Ezron" – localizada na província romana da Judéia (no território da Tribo de Judá) e que é comumente identificada com a moderna Qirbet el-Qaryatein, situada a cerca de 20 km a Sul de Hébron.

Aspectos religiosos e históricos segundo os Evangelhos Canónicos

O seguimento apostólico

Judas Iscariotes foi escolhido como um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, sendo apresentado, na listagem dos seus nomes, sempre em último lugar (Mateus 10, 2-4; Marcos 3, 16-19; Lucas 6, 13-16). Mais tarde, ele tornou-se infiel e iníquo, conforme apresentado no Novo Testamento. Era o encarregado da bolsa do dinheiro dos apóstolos: «tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava» (João 12, 6). Teria demonstrado exteriormente a sua fraqueza na cena da unção com óleo perfumado em Betânia, onde testemunhou que estava mais apegado ao dinheiro do que propriamente aos gestos concretos com que Jesus demonstrava a sua missão (João 12, 1-6).

Embora os Evangelistas digam claramente que «Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar» (João 6, 64) e tivesse sido, de algum modo, aduzido e predito, caso se leia o Salmo 55 como uma referência ao que viria a suceder com Jesus, que o traidor seria um "amigo íntimo" - «Pois não era um inimigo que me afrontava; então eu o teria suportado […] Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu íntimo amigo» (Salmo 55, 12-13) -, não é certo nem correto afirmar-se que estivesse predestinado quem seria o traidor.

A traição

Judas teria entregue Jesus por 30 moedas de prata (Mateus 26, 15; 27, 3), que provavelmente seriam siclos e não denários como frequentemente se julga e afirma. Esse era o preço de um escravo (Êxodo 21, 32). De acordo com o autor do Evangelho de Mateus, os principais sacerdotes decidiram não colocar essas moedas no Tesouro do Templo de Jerusalém, mas, em vez disso compraram um terreno no exterior da cidade para sepultar defuntos (Mateus 27, 6.7). Segundo Zacarias, profeta do Antigo Testamento, a vida e o ministério do prometido Messias (ou Cristo) seria avaliado em 30 moedas de prata (Zacarias 11, 12-13). Isto significava que, segundo a leitura dos acontecimentos feita pelo evangelista Mateus, os líderes religiosos judaicos foram induzidos a avaliar a vida e ministério de Jesus de Nazaré como dotada de bem pouco valor.

A motivação da sua ação é justificada ou explicada, nos Evangelhos, de diferentes modos. Assim, nos Evangelhos mais antigos, os de Mateus e de Marcos, tal deveu-se à sua avareza (Mateus 26, 14-16; Marcos 14, 10-11). Já nos Evangelhos de Lucas e de João o seu procedimento é subordinado à influência direta de Satanás - ο σατανας - (Lucas 22, 3; João 13:2. 27) sobre as suas ações.

A morte

O Suicídio de Judas

Os autores do Novo Testamento, relendo à luz da sua Fé as escrituras do Antigo Testamento, procuraram, de algum modo, mostrar que a morte de Judas fora análoga à que as Escrituras apresentavam para o "desesperado" (II Samuel 17:23: «Vendo Aitofel que se não tinha seguido o seu conselho, albardou o jumento, e levantou-se, e foi para sua casa [...], se enforcou e morreu») e para o "ímpio" (Sabedoria 4:19: «Em breve os ímpios tornar-se-ão cadáver sem honra, objeto de opróbrio para sempre entre os mortos: o Senhor os precipitará de cabeça para baixo, sem que digam palavra, e os arrancará de seus fundamentos. Serão completamente destruídos, estarão na dor e sua memória perecerá.»).

Assim, no caso do Mateus 27:5 se relata que Judas Iscariotes ao sentir remorsos decide suicidar-se por enforcamento: «E Judas, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar», e no livro dos Atos 1:18, o seu autor conta que caiu de cabeça para baixo, rebentando ruidosamente nos rochedos pelo meio: «Adquiriu um campo com o salário de seu crime. Depois tombando para frente arrebentou ao meio e todas as vísceras se derramaram». Procurando-se harmonizar e combinar os dois relatos da sua morte pode-se dizer que Judas se terá enforcado, mas que a corda - ou o ramo da árvore onde esta estava atada - se terá quebrado. A vaga por ele deixada - segundo Atos 1:26 - foi preenchida por Matias. O Suicídio de JUDAS, historicamente já foi desmascarado por Irineu de Lyon, já no século II.

Perspectiva islâmica

Existe uma lenda de que Judas (segundo outros autores, seria Simão de Cirene) teria sido crucificado no lugar de Jesus Cristo. A "teoria da substituição" aparentemente se fundamentaria no Alcorão (ou Corão): «E por os judeus dizerem: "Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Alá Deus", embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado. E aqueles que discordam, quanto a isso, estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, abstraindo-se tão-somente em conjecturas; porém, o fato é que não o mataram.» (Alcorão, surata 4 § 157)

Mas a explicação mais coerente da Surata 4 § 157, à luz de todos os textos do Alcorão, é que os judeus eram incapazes de se gloriarem de terem matado Jesus, porque efetivamente era Deus quem estava no controlo dos acontecimentos e quem permitiu que Jesus Cristo morresse numa Cruz. A "Teoria da Substituição" não é mais do que uma tentativa de harmonizar a declaração de que Jesus não foi crucificado (na frase idiomática wa-lakin shubbiha lahum) com a descrição dos Evangelhos sobre a sua crucificação. Na verdade, nenhuma destas histórias tem apoio no Alcorão ou das Tradições Islâmicas autênticas, apoiando-se, isso sim, sobretudo, nos escritos polemistas do cosmógrafo do século XIV, ad-Dimashqï (Ref. "Encyclopedia Britannica", "Judas").

Outras perspectivas

De acordo com alguns estudiosos, Judas de Iscariotes teria sido membro da seita dos zelotes. No quadro de um Messianismo Político do 1.º Século, estaria convencido de que ele, com todo o seu poder, concretizaria a chegada do Reino tão desejado por Israel. Mas, com o tempo, terá começado a sentir-se desiludido, porque Jesus não terá correspondido aos seus ideais e expectativas. Desencantado com Jesus, o terá entregue ao Sinédrio, para assim unir o povo judeu numa revolta contra Roma e desencadear o estabelecimento imediato do Reino de Deus. (Ref.ª Diário de Noticias de 21 de maio de 2006, Secção Opinião, Anselmo Borges, Padre e Professor de Filosofia; National Geographic, Abril de 2006, pág.; História Viva, Novembro de 2003, pág. 61-5; O Processo de Judas, Dr. Remy Bijaoui, Imago, 1999). Esta visão é apresentada em muitas obras literárias e no cinema, com especial atenção para A Última Tentação de Cristo (1988), baseado no romance do mesmo nome de Nikos Kazantzakis (1954), mais tarde transformado em filme(1988) dirigido por Martin Scorcese, além do filme "Rei dos Reis", clássico de 1961 dirigido por Nicholas Ray, onde apresenta Judas um zelote, que auxilia Barrabás na luta contra a Opressão Romana, e que ao se juntar ao grupo de Jesus, ele está convencido que o Galileu instalará o Reino de Deus na Judéia, pois Jesus tem o poder de fazer milagres, e que assim, liqüidará com todos os opressores romanos. Para provar o poder de Cristo, e também com a finalidade de força-lo a se proclamar Rei, ele entrega-o as autoridades, mas quando vê o nazareno subjugado, açoitado, e carregando uma cruz, seu conceito sobre o Filho de Deus se desvanece, e desiludido, ele resolve se enforcar.

Outros sustentam que na realidade Judas não traiu Jesus Cristo por 30 moedas. Argumentam que ele terá agido por ordem do próprio Jesus, precipitando dessa forma a morte na cruz e a redenção da humanidade. Por fim, ele não se teria suicidado como dizem os Evangelhos canónicos, mas antes retira-se para o deserto para meditar. O Evangelho sobre Judas, escrito gnóstico do 2.º Século, "não deve ser visto como a versão verdadeira sobre o destino do apóstolo de má fama, mas como mais uma peça no quebra-cabeças dos primeiros anos do cristianismo". (Ref.ª Veja de 12 de abril de 2006, ed. 1951, pág. 91).

Outros Acreditam que Judas apenas acreditava que Jesus iria reagir contra os guardas do imperio romano quando eles forem pega-lo. Se Isto ocoresse os Judeus (que não acreditavam que jesus era Messias) iriam se unir a eles e assim derrotar Roma. Os Judeus não acreditvam em jesus pois eles viam Messias como um libertador que viria de espada e destruiria Roma. Como jesus veio em paz algumas pessoas não acreditaram e continuaram a dizer que Messias ainda viria dessa vez com uma espada na mão. Se jesus reagisse contra os Guardas que o vieram prender, como no plano de Judas, muitos judeus que antes não acreditavam iriam começar a acreditar e assim tdos eles poderiam derrotar Roma juntos.

Conhecida é, também, a leitura alegórico-sapiêncial que os Padres da Igreja dos primeiros séculos faziam entre o nome de Judas e a sua iniciativa de vender Jesus às autoridades como sendo análoga à venda de José, pelo seu irmão, Judá, aos ismaelitas (Génesis 37:26,27). Curioso é, ainda, o facto de o valor gemátrico do nome Judas, em hebraico, ser, precisamente, trinta - ou seja, o valor pelo qual ele entregou Jesus -, por alguns intérpretes entendido como sinal de que, ao trair o seu Mestre, Judas estava, igualmente, a trair a sua própria pessoa.

O Evangelho de Judas

Recentemente foram encontrados pergaminhos do denominado "Evangelho de Judas", que apresenta Judas Iscariotes como "fiel discípulo" de Cristo, e que traindo-o – segundo o livro, a pedido do próprio Cristo – estaria fazendo cumprir a profecia da morte de Cristo.

O Evangelho de Judas contradiz a versão universalmente aceita de que Judas seria um traidor. Aponta Judas como o discípulo mais amado de Jesus e o único que teria sido capaz de compreender a verdadeira missão do Messias. A suposta traição seria em verdade uma vontade de Jesus, que teria pedido a Judas que o entregasse aos romanos.

Este Evangelho termina com o beijo de Judas, não apresentando qualquer informação referente à crucificação de Jesus, ou ao suicídio do próprio Judas. Foi desacreditado enquanto testemunho histórico já no século II por Ireneu de Lyon.

Não sendo reconhecido como canônico pela Igreja, que o considera apócrifo, ou seja, sem autoridade espiritual para ser seguido como regra de fé e prática, tem no entanto imenso valor histórico, como registro de um ponto de vista da época.

Anti-semitismo

Alguns estudiosos entendem que o nome Judas foi diabolizado no Novo Testamento, com a intenção de agredir o povo judeu, como sendo responsáveis morais pela morte de Cristo. Judas, em grego Ioudas, é uma transliteração do nome hebraico Judá. Durante muito tempo, a Igreja Católica associou a figura de Judas Iscariotes ao povo judeu pelo facto de não terem aceitado Jesus de Nazaré como o prometido Messias (ou Cristo). Esta convicção uniu-se a outros factores anti-semitas, servindo de justificação para a perseguição religiosa movida contra o povo judeu.